Guia Veterinário completo sobre a vacinação da raiva com perguntas e respostas
Dra. Teresa Baptista
Médica Veterinária
Índice de Conteúdos
MARQUE CONSULTA VETERINÁRIA AO DOMICÍLIO
Vacinação ao Domicílio
Com este artigo irá compreender porque é que a vacinação da raiva, além de obrigatória em alguns animais, é essencial e por isso muito recomendada pelos veterinários, sobretudo se o seu animal tiver contacto com o exterior.
A raiva é uma doença viral, que se manifesta através de alterações comportamentais, que incluem agressividade, paralisia ou desorientação. Apesar de rara nos gatos (bem mais comum nos cães), esta doença é incurável e fatal, pelo que após o diagnóstico, o animal é isolado da sua família, bem como de outros animais.
Além disso, a raiva é uma zoonose, o que significa que pode ser transmitida aos humanos, através de mordeduras ou arranhões.
Vamos em seguida rever consigo o que precisa de saber sobre a vacinação da raiva, incluindo:
- Plano de Vacinação da Raiva;
- Riscos da não vacinação;
- Síntomas da Raiva;
- Tratamentos e cuidados possíveis.
Qual é o plano de vacinação da raiva?
Em Portugal, não existem casos ativos de raiva e o país é considerado indemne, algo que só foi possível graças às medidas tomadas em relação à vacinação. No entanto, permanece o risco de introdução da doença, o que justifica a obrigatoriedade da vacinação da raiva.
Vacinação da raiva nos cães
Em Portugal, a vacinação da raiva é obrigatória para os cães desde 1925. Dentro do plano de imunização dos cães, esta é a única vacina obrigatória.
Vacinação da raiva nos gatos
Ao contrário do que acontece com os cães, a vacinação da raiva nos gatos é opcional. As exceções acontecem quando o gato viaja para outro país. Ainda assim, a vacinação da raiva nos gatos é recomendada aos animais que tenham acesso ao exterior ou que possam ter contacto com cães ou gatos infetados.
Idade recomendada para a primeira dose da vacina contra a raiva
Durante as primeiras semanas de vida, os animais recebem proteção contra doenças através dos anticorpos transmitidos pela mãe, através do colostro (o primeiro leite).
No entanto, essa imunidade é temporária e limitada, e é por isso que os animais bebés devem receber as suas primeiras vacinas entre as 16-18 semanas de vida. Essa é de facto uma fase crucial para garantir que o sistema imunológico da cria esteja bem preparado para responder a possíveis infeções no futuro.
A vacinação ao domicílio é uma forma cómoda e prática de garantir proteção aos animais, sobretudo aos mais frágeis, sejam bebés ou idosos. Por ser feita em casa, não há contacto com outros animais, evitando assim a exposição a possíveis doenças.
Intervalo entre as doses e frequência de revacinação da raiva
A primeira dose da vacina contra a raiva pode ser administrada a partir das 12 semanas, mas, regra geral, é dada às 16-18 semanas de vida. A revacinação deve ser feita de forma periódica, de acordo com a vacina utilizada. Em alguns casos, a revacinação da raiva é feita de 3 em 3 anos.
Este plano de vacinação da raiva tem em consideração o seguinte:
A vacina da raiva é projetada para estimular o sistema imunológico do gato a produzir anticorpos contra o vírus da raiva (Rabdovírus).
Mas, com o tempo, a produção de anticorpos tende a diminuir, tornando o animal vulnerável de novo à doença. Daí a relevância de revacinar o seu animal de companhia com a regularidade indicada pelo médico veterinário, para garantir que os níveis de anticorpos cumprem a sua função.
Preço da vacina contra a raiva
Em Portugal, o custo da vacinação contra a raiva nos animais de estimação varia. Para saber ao certo o valor da vacina da raiva, fale connosco.
Quais os riscos da não vacinação da raiva?
Se um animal não vacinado for mordido por outro infetado, pode contrair a doença. Como a raiva é uma doença infeciosa que afeta o sistema nervoso central dos animais, produz sintomas muito graves que iremos abordar no ponto a seguir.
Além disso, e como mencionámos em cima, a Raiva é uma zoonose. Como doença fatal transmissível aos seres humanos é ainda mais relevante ter particular precaução para evitar infeções.
NOTA: Nos humanos, a Raiva é considerada uma encefalite progressiva e aguda com letalidade de aproximadamente 100%. Os principais sintomas da doença em humanos são:
- Alterações de comportamento (confusão mental, desorientação, agressividade, alucinações);
- Cefaleia;
- Espasmos ao sentir água ou vento - hidrofobia;
- Mal-estar geral;
- Aumento de temperatura;
- Náuseas;
- Dor de garganta.
No entanto, em Portugal, a possibilidade de uma infeção por raiva é rara, uma vez que o nosso país é oficialmente indemne da raiva desde 1961. E para que esta continue a ser a nossa realidade, é fundamental cumprir a obrigatoriedade da vacinação da raiva.
Quais são os efeitos colaterais da vacina da raiva?
Assim como acontece com qualquer outra vacina, também a vacina da raiva pode ter efeitos colaterais em alguns animais e é importante estar a par deles.
Os efeitos colaterais mais comuns da vacina da raiva são leves e, regra geral, desaparecem em poucos dias. Esses efeitos incluem:
- Dor e sensibilidade no local da injeção;
- Vermelhidão e inchaço no local da injeção;
- Letargia e perda de apetite;
- Febre.
Além destes, existem outros efeitos colaterais, que apesar de graves, são bem menos comuns, tais como:
- Reações alérgicas, incluindo anafilaxia;
- Nódulos no local da injeção;
- Vómito;
- Diarreia;
- Problemas respiratórios;
- Dificuldades na locomoção;
- Convulsões;
- Paralisia.
Se o seu animal de companhia apresentar qualquer sintoma incomum após a vacinação da raiva, é importante que informe de imediato o médico veterinário, para que seja observado e receba a resposta adequada.
Quais são os principais sintomas de raiva nos animais de estimação?
Os sintomas da raiva nos animais de estimação incluem mudanças de comportamento, que divergem ao longo das diferentes fases da doença.
Os sintomas podem ser divididos em três fases sequenciais distintas:
- Fase prodrómica da raiva:
- Mudanças de comportamento, como agitação ou reclusão;
- Febre;
- Perda de apetite;
- Vómitos.
- Fase excitatória da raiva:
- Comportamento agressivo e desorientado;
- Vocalizações constantes e estranhos;
- Dificuldade em engolir;
- Salivação excessiva e espumosa;
- Ataques violentos sem provocação.
- Fase paralítica da raiva:
- Fraqueza muscular progressiva, em especial nas patas traseiras;
- Paralisia dos músculos da mandíbula e da garganta, dificultando a deglutição e levando à "baba" característica;
- Dificuldade respiratória;
- Coma;
- Morte.
Em caso de suspeita caso a vacinação da raiva não esteja atualizada, é fundamental que agende uma consulta com um veterinário para um diagnóstico preciso. De preferência, e por uma razão de saúde pública, chame um médico veterinário ao domicílio.
Quais os tratamentos possíveis para a raiva?
Se um animal tiver contacto com outro animal infectado, a título de prevenção poderá proceder-se à administração de imunoglobulina humana antirrábica, para impedir que o vírus entre em contacto com o sistema nervoso central.
Saiba, no entanto, que se um animal estiver mesmo infetado (algo que só acontece caso não seja vacinado), não há tratamento eficaz disponível.
Assim que os primeiros sinais da doença se manifestam, a esperança de vida do animal é reduzida a um período que varia entre 7 a 10 dias. É por isso que, em muitos casos, os animais com raiva são eutanasiados para evitar o sofrimento e o risco de propagação da doença.
NOTA: Doença da Raiva no mundo
A doença da raiva está presente em todos os continentes, exceto na Antártica. A maior mortalidade entre humanos ocorre na Ásia e em África.
De acordo com a estimativa da OMS, mais de 59.000 pessoas morrem por ano, em todo o mundo, devido a esta doença, sobretudo crianças com menos de 15 anos.
Cerca de 10 milhões de pessoas recebem tratamento pós-exposição, de forma a prevenir uma possível infecção pela doença.
A Raiva é muito rara nos países desenvolvidos como é o caso de Portugal, onde a doença foi considerada erradicada em 1961. No entanto, tendo em conta a globalização, um animal infetado pode chegar a Portugal, constituindo possível fonte de infeção humana ou animal.
Perguntas Frequentes sobre a vacinação da raiva
A vacina contra a raiva é segura para gatos?
Sim, a vacina contra a raiva é considerada segura para gatos e é amplamente utilizada em todo o mundo. Como qualquer vacina, pode ter efeitos colaterais, mas são geralmente leves e temporários.
É possível que um animal infetado com raiva não tenha sintomas imediatos?
Sim, é possível que um animal infetado com raiva não apresente sintomas imediatamente após a infeção. Isso é conhecido como o período de incubação e pode durar semanas ou até meses. Durante este período, o animal pode ser portador do vírus e transmiti-lo para outros animais ou humanos.
Um animal pode ser infetado pelo vírus da raiva mesmo estando vacinado?
É improvável que um animal vacinado seja infetado com raiva. Pode acontecer em casos raros de falhas vacinais:
- quando a vacina é administrada incorretamente;
- quando o animal não desenvolve uma resposta imunológica adequada;
- quando não são feitos os reforços e a vacina perde a eficácia ao longo do tempo.
Se o animal já estiver infetado com a raiva no momento da vacinação, a vacina não será capaz de curar a doença.
Quais são as probabilidades de contrair raiva devido a um arranhão ou mordedura?
A raiva é transmitida através da saliva, pelo que a probabilidade de contrair raiva através de um arranhão é quase nula. No entanto, o mesmo não acontece com uma mordedura, que pode transmitir o vírus da raiva.
Se tocar num animal com raiva posso ficar infetado?
A principal via de transmissão da raiva é através da saliva. No entanto, devem ser sempre acauteladas medidas de prevenção, como uso de lucas, por exemplo.
Quanto tempo após a aplicação da vacina antirrábica o animal fica imune?
Um animal pode ser considerado imunizado 28 dias após a vacinação inicial, quando é atingido o pico de anticorpos contra o vírus.
Há histórico em Portugal de alguma infeção do vírus da Raiva numa pessoa através da mordedura de um animal?
Sim. Em 2011, uma mulher faleceu, em Portugal, após ter sido mordida por um cão sem a vacinação da raiva, na Guiné-Bissau. O incidente aconteceu em maio e, só em julho, a mulher foi às urgências do hospital, tendo falecido em agosto. Este terá sido o único caso neste ano em todo o território europeu.
A melhor estratégia contra a raiva nos animais de estimação é a prevenção. Certifique-se de que o seu amigo está protegido com as vacinas.
Se preferir, pode entrar em contacto com os nossos médicos veterinários que poderão ir a sua casa, para vacinar o seu animal de estimação com maior comodidade, segurança e tranquilidade.
A informação presente neste artigo não dispensa a consulta com um médico veterinário, que poderá fazer a avaliação do seu animal de estimação, de acordo com o seu perfil.